Bacia do rio Paraguai segue com níveis em processo de descida no Pantanal
Os níveis seguem em processo de descida na Bacia do Rio Paraguai, na região do Pantanal, e abaixo da faixa da normalidade na maioria das estações. Na última semana, o volume de chuvas registrado foi de 1 mm, e mínimas históricas já são observadas em Barra do Bugres (MT), que chegou a 24 cm – o nível mais baixo desde o início da série histórica em 1966, quando o esperado seria de 60 cm. Os dados são apresentados no novo Boletim de Monitoramento Hidrológico, publicado nesta quarta-feira (11) pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).
A estação de referência em Ladário (MS) chegou à marca de -30 cm. Essa é a 10ª mínima histórica. Os níveis mais baixos, de -61 cm e -60 cm, foram observados em 1964 e 2021. “Como não há previsões de chuvas significativas para a região nesta semana, a tendência é que seja mantido o ritmo de descida, cerca de 12 cm por semana. A partir do dia 20, há previsão de chuvas, o que pode reduzir o ritmo de descida do rio, a depender do volume. Mas as projeções sazonais preveem anomalias negativas de chuva”, explica o pesquisador em geociências do SGB Marcus Suassuna.
Em Cáceres (MT), a última cota observada foi de 37 cm, pequena elevação após ser registrada a marca de 34 cm – a segunda mínima da história, maior apenas que o nível de 24 cm observado durante a seca de 2021. Em Mato Grosso do Sul, Porto Murtinho está na cota de 89 cm, a 6ª mínima da história. A estação de Forte Coimbra, no município de Corumbá (MS), registrou -1,56 m – a 6ª mínima histórica. Os níveis estão dentro da normalidade apenas em Cuiabá (MT) e Aquidauana (MS).
O valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa. No caso de Ladário, por exemplo, abaixo da cota zero, o Rio Paraguai ainda possui cerca de 5 metros de profundidade, conforme dados da Marinha.
Apoio aos municípios
A situação exige atenção contínua, tanto no monitoramento quanto na adoção de medidas para enfrentar os desafios impostos pela estiagem prolongada. Desde fevereiro, o SGB vem alertando para o cenário de seca no Pantanal, devido à redução de chuvas na região. Além de monitorar, o SGB também apoia os municípios com o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS), em períodos de crises hídricas.
O SIAGAS é um repositório de poços perfurados no Brasil, e sua base tem mais de 371 mil cadastrados, com 14 mil na Região Centro-Oeste. Disponível para consulta pública, apresenta informações sobre fontes de águas subterrâneas. Desse modo, permite identificar poços dos quais seja possível extrair água para usos doméstico, industrial, para irrigação ou outras finalidades.
Esse é um projeto de grande importância para a gestão de políticas públicas, tanto em nível nacional como estadual e sub-regional.
Parceria
O monitoramento dos rios é realizado a partir de estações telemétricas e convencionais, que fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O SGB opera cerca de 80% das estações, gerando informações que apoiam os sistemas de prevenção de desastres, a gestão dos recursos hídricos e pesquisas.
As informações coletadas por equipamentos automáticos, ou a partir da observação por réguas linimétricas e pluviômetros, são disponibilizadas no Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) e, em seguida, apresentadas na plataforma SACE. As informações são do Núcleo de Comunicação do Serviço Geológico do Brasil.
Foto régua de Ladário: Divulgação